Candidatura das Fortalezas da Raia à UNESCO: Almeida, Marvão e Valença do Minho em destaque
- bcs543
- 28 de jun.
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Atualizado: 9 de jul.

As fortalezas históricas de Almeida, Marvão e Valença do Minho deram um passo importante rumo ao reconhecimento como Património Mundial da UNESCO. A 12 de junho de 2024, a Associação Vauban, uma das entidades mais prestigiadas da Europa no estudo e preservação de fortificações abaluartadas, aprovou por unanimidade uma moção de apoio à candidatura conjunta destas três fortalezas da Raia portuguesa. Esta decisão foi tomada em Metz, França, durante o congresso “Vauban na Lorena”, reforçando a relevância internacional da candidatura.
Estas três fortalezas portuguesas representam um exemplo notável da arquitetura militar dos séculos XVII e XVIII, inspirada no modelo Vauban, um sistema defensivo concebido para proteger fronteiras através de uma rede coordenada de fortalezas. A ligação ao modelo Vauban é direta: Almeida, Marvão e Valença contaram com engenheiros militares franceses na sua conceção, como Manesson-Mallet e Champalimeau de Lussane, que aplicaram os princípios da engenharia militar moderna da época em território português. Estas estruturas foram projetadas não apenas como elementos isolados, mas como parte de um sistema defensivo coerente, comparável ao pré carré francês, formando uma barreira contínua ao longo da fronteira com Espanha.
A moção da Associação Vauban destacou três fatores principais que justificam a singularidade da candidatura: a integridade e coerência do conjunto fortificado de Almeida, a adaptação engenhosa da fortificação medieval de Marvão aos princípios modernos da arquitetura militar, e o traçado duplo e estratégico de Valença do Minho, que cria uma poderosa frente defensiva voltada para o rio Minho. Estes três exemplos mostram como Portugal soube adaptar e aplicar com excelência os modelos mais avançados da engenharia de defesa europeia.
O apoio da Associação Vauban fundamenta-se em vasta documentação reunida ao longo de décadas, com destaque para os trabalhos do Centro de Estudos de Arquitetura Militar de Almeida (CEAMA), liderados pelo Professor João do Campos. Esta base científica e histórica sólida é um dos trunfos mais fortes da candidatura. Com esta moção aprovada, a Associação compromete-se ainda a divulgar o apoio junto de outras redes de cidades e fortificações Vauban na Europa, incluindo Luxemburgo, Países Baixos, Alemanha e Itália, fortalecendo a dimensão internacional da candidatura portuguesa.
A entrada de Almeida, Marvão e Valença do Minho na lista de Património Mundial da UNESCO terá um impacto profundo na valorização do património histórico-militar português, promovendo a preservação das estruturas, atraindo visitantes e reforçando a identidade cultural das regiões raianas. Além disso, a candidatura insere-se numa estratégia mais ampla de turismo sustentável, investigação histórica e dinamização cultural.
Portugal encontra-se, assim, mais próximo de ver reconhecido o valor excecional das suas fortalezas raianas, num esforço que une história, arquitetura, identidade e cooperação internacional. A candidatura destas três joias da arquitetura militar portuguesa à UNESCO não é apenas um passo no reconhecimento global, mas também um convite a redescobrir o património que moldou a história e a defesa do território nacional.
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